Depois do último espetáculo protagonizado pelos Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), passei a rever alguns conceitos em relação aos pronomes de tratamento e à seriedade que aqueles corpos (na maioria senis) e cérebros merecem.
Enquanto assistia àquele bate-boca, digno das grandes peças de Shakespeare e me deliciava com as manifestações incontroláveis, passei, automaticamente, a refletir sobre o que diziam:
-Vossa Excelência me respeite!
-Vossa Excelência não compareceu à sessão!
-Vossa Excelência está destruindo a Justiça neste país!
-Vossa Excelência não está lá no Mato Grosso entre seus capangas!
-Vossa Excelência isto e Vossa Excelência aquilo.
-Vamos interromper a sessão – interferiu outra das mais altas autoridades nacionais - pois Vossas Excelências estão exaltadas, e essa não é a liturgia de praxe desta casa e tudo isto não se coaduna, blá, blá, blá...
Lembrei-me de quando aprendi, há muito tempo, que o pronome vinha sempre acompanhado de muita pompa, designando o respeito que o cargo impunha. Mas e agora, banalisado por ministros e deputados? Como fica a sociedade, obrigada a respeitar à Justiça e aos que criam leis? Atos vexatórios desta natureza deveriam intitular seus autores com o pronome "Vosso pretérito imperfeito".